quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

~O dια єм qυє α tєяяα αcαвσυ

- É grevee!
- Não faça isso!
- Já fiz. Cruzo meus braços!
- E quem é que vai cuidar de tudo? Seu trabalho é muito importante.
- Se acham importantes então deviam valorizar. Só lembram de mim quando a coisa aperta. Aí eles vêm pedir ajuda, de joelhos, chorando.
- Isso é verdade...
- Viu só no jogo do
Flamengo? Tava lotado. O show daquela loirinha que faz playback: fila na porta. E nas igrejas? Só meia dúzia de velhotas rezando o terço. Já mandei dilúvio: não me ouviram. Enviei meu filho: nada. Agora quero ver como é que eles vão fazer.
Dito isso, Deus pegou sua
esteira de palha, estendeu sobre a nuvem mais confortável e foi tomar sol, coisa que não fazia desde aquele primeiro domingo, depois da criação.
Quem se deu conta de que alguma coisa estava errada foi a Dona Gertrudes, em Santa Rita do Passa Quatro. Quando mais aumentava o
fogo, mais frio ficava o leite.
Até que a mulher prática abriu a porta da geladeira: quase queimou a barriga. Enquanto esperava o leite ferver, no congelador, pensou que alguma coisa realmente grave estava acontecendo.
Em Helsinque, na Finlândia, os cientistas debatiam na TV, enquanto o povo ia pras ruas, ver o
sol azul. Em Buenos Aires, os pires começaram a cair pra cima (as xícaras misteriosamente continuaram apoiadas na mesa). Em São Paulo, carros atolaram nos paralelepípedos que tomaram consistência de maria-mole. Já as marias-moles, duras como pedras, quebraram os dentes de mais um desavisado.
O açúcar salgou e o sal adoçou. Água secou, terra molhou.
Beijo doeu, tapa afagou. Cachorro piou, passarinho latio e um gato em Lisboa fizera um discurso inflamado sobre as sardinhas.
São Pedro, desesperado, tentava convencer Deus a retomar suas atividades. Ele, no entanto, estava contentíssimo, largateando sobre aquela nuvem.
- Não volto Pedro. Tô muito velho pra ficar salvando gato de atropelamento e tirando bola de cima de linha em final de campeonato.
- Mas, então, o que é que você vai fazer?
Com um sorriso sereno, Deus assoprou. Um vendaval levou a Terra embora, e não sobrou gente
, planta ou galinha pra contar a historia. - Não fique assim não, meu amigo. Semana que vem eu faço outra, igualzinha, retomo de onde parei e ninguém vai nem dar conta de nada.
Então Deus deitou de bruços, sentiu o calor acariciando suas costas e ficou feliz da vida por ter criado o
sol, antes de todas as outras coisas.
*Por: Antônio Prata (ele refletia sobre a vida quando escreveu esse texto . . .)

1 comentários:

Moreira disse...

Muito bom e interessante

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